Produtor de Peabiru se destaca na produção sustentável de soja: quatro safras sem inseticida e uma sem fungicida.
- 11/09/2025
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É possível produzir soja sem uso de agroquímicos?
Em Peabiru, o produtor Herbert Drager, morador da comunidade Boa Esperança há 61 anos, mostra que sim. Sua propriedade é uma Unidade de Referência acompanhada pelo IDR-Paraná, com assistência técnica desde os tempos da ACARPA e EMATER.
Na safra 2024/2025, em 5,14 alqueires de soja, o agricultor conduziu a lavoura com base nas tecnologias da Embrapa: o Manejo Integrado de Pragas (MIP) e o Manejo Integrado de Doenças (MID). O resultado foi marcante: quatro safras sem uso de inseticidas e, nesta última, também sem fungicidas.
Monitoramento constante: o segredo do MIP
Logo após a germinação, o monitoramento é iniciado. A palhada é examinada em 10 pontos da lavoura para identificar pragas, inimigos naturais e outros organismos. A cada semana (e às vezes mais vezes), o produtor utiliza o “pano de batida” para avaliar a população de insetos.
O MIP permite ao agricultor decidir pelo uso do inseticida apenas quando o nível de controle é atingido. Na última safra, por exemplo, o percevejo-marrom chegou a 1,8 insetos por metro linear, próximo ao limite de 2 recomendado pela pesquisa. Com tranquilidade e acompanhamento técnico, Drager optou por não aplicar defensivo. Dias depois, constatou a redução da população graças à ação dos inimigos naturais.
A novidade: safra sem fungicida
No ciclo 2024/2025, Drager foi além. Com o uso do coletor de esporos e avaliações semanais (chegando a duas vezes por semana após a chegada de esporos na região), o agricultor monitorou a ferrugem asiática e outras doenças.
Mesmo com a presença da ferrugem em sua lavoura, a decisão foi não aplicar fungicida, já que o clima seco impediu o avanço da doença. O resultado: uma safra conduzida sem nenhum fungicida.
Produtividade e custos
A produtividade média foi de 117 sacas por alqueire, número semelhante ao dos vizinhos que usaram duas pulverizações de inseticida e duas de fungicida. Em parte da lavoura, onde foi usada uma cultivar mais tolerante à seca, a produção chegou a 160 sacas por alqueire.
Assim, Drager colheu com menor custo de produção e a certeza de que as perdas não foram causadas por pragas ou doenças, mas pela estiagem.
Impacto das tecnologias
- O MIP já é adotado há 12 anos em unidades de referência no Paraná, com potencial de reduzir em até 53% o uso de inseticidas.
- O MID acumula nove safras de resultados positivos, com redução média de 37% no uso de fungicidas.
Essas tecnologias não eliminam o uso de defensivos, mas garantem que eles sejam usados apenas quando necessários, de forma criteriosa e sustentável.
Conclusão
A experiência do produtor de Peabiru reforça que a soja pode ser cultivada com responsabilidade ambiental e menor dependência de agroquímicos, desde que haja monitoramento constante e adoção de boas práticas agrícolas.
Fonte: Unidade de Extensão Rural do IDR-Paraná de Peabiru